Já tinha ficado tanto tempo sem jogar por causa de uma lesão?
Marcelo Lomba: Não. Eu tinha quebrado a costela bem mais novo, quando tinha 14 anos. Mas nunca tinha me lesionado assim. No ano passado me machuquei, mas fique só duas semanas fora. Se você lesiona a coxa, por exemplo, dá para você voltar a pedalar em uma semana, continua caminhando. Quebrar a costela não. Primeiro que eu sentia muita dor, segundo que eu não podia nem sair da cama, só para ir almoçar e jantar. Não conseguia mais nada, doía muito.
Como foi para você esse período, já que vinha de um grande brasileiro?
Eu fiquei um pouco chateado porque tinha voltado de férias, cheio de expectativa, querendo mostrar serviço. Eu projetei algumas coisas esses anos para minha carreira, como fazer um grande campeonato para ser lembrado e quem sabe chegar até a uma Seleção Brasileira, conseguir ganhar o título, fazer uma boa copa do Brasil e chegar nas finais.
Você foi eleito no ano passado o melhor goleiro pelo Troféu Armando Nogueira, mas não ainda não teve oportunidade na seleção. Esse é um sonho?
É um sonho. Muita gente comentou isso comigo, que eu ganhei o título do Troféu Armando Nogueira, mas não fui lembrado no da CBF. Mas isso acontece. O mais importante é que seu nome está sempre falado, elogiado. Vi vários cronistas esportivos lembrando meu nome e isso me deixou feliz e fez com que tivesse um final de ano tranquilo.
Acha que pode ser convocado mesmo jogando no Bahia ou dá mais trabalho por estar no Nordeste?
A questão da visibilidade influencia, mas nada pode superar os fatos. Se eu conseguir ser campeão da Copa do Brasil e fazer um grande campeonato, não tem como as pessoas deixarem de olhar. Se o time for campeão vão saber que aqui tem jogadores qualificados, de ponta. É isso que vai aparecer no final. Se o grupo vai bem, o lado individual vai começar a aparecer.
Você sempre diz que felicidade não se compra e que é feliz no Bahia. Para que esta felicidade seja completa, falta só o título do Baiano?
Eu já sou muito feliz aqui. No Bahia em me sinto em casa, mas a gente não pode negar que o título baiano é o nosso maior objetivo. Antes de pensar no Campeonato Brasileiro, Sul-Americana e na Copa do Brasil, tem que pensar no Baiano, que vem na frente, está mais próximo. A gente sabe que tem bastante tempo que não ganha e o título baiano vai ser uma afirmação para todo mundo. Isso vai ficar marcado até para entrar na história do clube se voltar a ser campeão. E isso é uma das coisas que a gente comenta entre nós, que se a gente conseguir voltar a vencer.
Por falar no Flamengo, tem alguma mágoa do clube carioca?Seu contrato com o Bahia termina no dia 30 de maio. Como está a conversa para renovar?
Quero ficar aqui. Com esse lance da troca do treinador no Flamengo, de diretoria, acabou que algumas coisas atrapalharam, mas acredito que não vai haver maiores problemas não. Quero ficar, conversei com Paulo Angioni (gestor de futebol do Bahia) e a gente mais da metade do caminho andado.
Por falar no Flamengo, tem alguma mágoa do clube carioca?
Não. Mágoa não. O Flamengo é um clube que ainda pertenço e tenho grandes amigos lá. Hoje em dia não tenho mágoa não. Torço por eles.
E de Vanderlei Luxemburgo?
Não, tranquilo... (risos)
Como era sua relação com Bruno?
O Bruno era meu amigo. Era uma pessoa com que eu convivia diariamente e...não sei, né!? Se eu soubesse até falaria, mas...quem pode julgar? A gente não sabe das coisas. Quem deve saber talvez seja a Justiça, que deve estar por dentro de tudo. Mas ele era uma boa pessoa. Foi uma pessoa que me ajudou muito, tanto debaixo do gol, como goleiro, quanto como pessoa. Aprendi algumas coisas com ele, de liderança, que ele era o capitão do time. Sou suspeito para falar dele, não tenho muito o que dizer não.
Após caso Eliza Samudio, ele conversou com vocês sobre o ocorrido?
Não, foi muito rápido. A partir do momento que deu o burburinho na imprensa, ele já sumiu, desapareceu e começou aquele corre-corre. Rapidamente o Flamengo levou a gente para Itu. Então a gente não teve nenhum contato com ele. Não há pessoa que possa chegar e falar que sabe de alguma coisa porque é mentira.
Você disse que Bruno te ensinou algumas coisas, mas quem são os goleiros que você se inspira?
Meu maior ídolo é o Taffarel. Quando comecei a jogar futebol ele era o goleiro da seleção e foi campeão da Copa do Mundo de 94. Foi o que me fez ter o maior prazer em agarrar.
Quais são, na sua opinião, os melhores goleiros atualmente?
Atualmente? Eu gosto muito do Jéferson, do Botafogo. Ele vive um grande momento. E uma revelação boa no futebol brasileiro é o menino do Santos, Rafael. Ele está muito bem e é um nome forte para o futuro da seleção.
Como avalia suas atuações nesta sua volta, no Ba-Vi e contra o Vitória da Conquista?
Estou correndo atrás do tempo, treinando dobrado para pegar o ritmo de volta. A lesão me atrapalhou bastante, foi uma coisa que me deixou chateado. Tinha alguns planos e vou demorar um pouco mais para estar no meu auge. Vou usar esses jogos finais para me preparar melhor, para estar com o reflexo em dia, com o corpo em dia para eu ir preparado. A gente sabe que nas finais é onde o bicho vai pegar e eu vou ter que estar bem. Sei que a torcida vai me cobrar as atuações do Campeonato Brasileiro do ano passado e vou trabalhar bastante para voltar o mais rápido possível a ser o goleiro que a torcida conhece e confia bastante. Até quando eu estava machucado o carinho nas ruas era imenso e também a preocupação de quando eu ia voltar. Isso fez com que eu visse o outro lado da moeda, de ir ao estádio, de acompanhar da arquibancada e ver o carinho que eles têm por mim. Isso só me deixava doido para voltar a jogar logo.
Hoje você já se considera um torcedor do Bahia?
Hoje eu quero que meu filho seja Bahia. Estou aqui no Bahia, feliz e, por mais que a vida do jogador seja um pinga-pinga, com certeza o Bahia está no meu coração. Até pelos momentos que vivi aqui, que foram muito intensos. Se hoje eu sou um goleiro reconhecido nacionalmente, indicado a prêmios, eu devo ao Bahia e ao pessoal que confio em mim. Desde o René Simões e o Paulo Angioni, que me trouxeram, até os meus companheiros que estão aqui hoje.
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